Dicas de redação e leitura


Escola Estadual de Ensino Médio Ernesta Nunes – http://eeemernestanunes.blogspot.com
Professora: Jocelene Trentini Rebeschini – Língua Portuguesa – Ano letivo: 2012

Escrevendo o artigo de opinião


Como vimos anteriormente, o artigo de opinião é um tipo de texto argumentativo em que o autor (articulista) assume uma posição (um ponto de vista) sobre uma determinada questão polêmica. Portanto, o objetivo desse texto é convencer os leitores sobre a opinião expressa, e expressar opinião é um exercício de cidadania possível numa democracia. Esse tipo de texto normalmente é veiculado na imprensa, em jornais e revistas. É importante lembrar ainda que as questões polêmicas geram confronto entre diferentes pontos de vista sobre um mesmo tema. Elas são de interesse público porque normalmente afetam a vida de populações inteiras. Daí a necessidade de debatê-las em profundidade, participando da vida pública da comunidade.
As questões polêmicas, com certeza, surgem a partir de fatos que acontecem no cotidiano. Porém, é preciso deixar bem claro que narrar os fatos é produzir notícia; comentar os fatos, analisá-los, posicionar-se sobre eles é produzir opinião.

Estrutura do artigo de opinião
Introdução: apresenta o assunto, apontando a questão polêmica. Geralmente, a posição do articulista fica clara nessa parte do texto.
Desenvolvimento: é a parte do texto em que se explicam e justificam as posições do autor, apresentando argumentos, expressando convicções, examinando dados de pesquisas, contestando posições contrárias defendidas por adversários, debatendo causas e consequências, etc.
Conclusão: é o ponto de chegada de todo o raciocínio desenvolvido que, após um adequado trajeto argumentativo, reafirma a tese defendida pelo autor.
Para produzir um bom artigo de opinião, o segredo está na argumentação. Existem várias formas de argumentar, entre as quais:
1.       Autoridade: No livro tal, as personagens que praticam boas ações são sempre loiras de olhos azuis, enquanto as más são sempre morenas ou negras. Podemos afirmar que o livro tal é racista, pois, segundo o antropólogo XXX, associar traços positivos apenas a determinados tipos raciais é uma prática racista.
2.       Evidência: De acordo com a pesquisa tal .......... Esses dados mostram que ............
3.       Comparação (analogia): Assim como a imprensa é responsável pelos seus sigilos, as autoridades educacionais devem ser responsáveis pelo sigilo do Enem.
4.       Exemplificação: Vejam os exemplos de ....... Tantos exemplos levam a acreditar que existe uma tendência predominante ....
5.       Princípio: A derrubada dos índices de mortalidade infantil exige tempo, trabalho coordenado e planejamento. Ora, o índice de mortalidade infantil de São Caetano do Sul (SP) foi o que mais caiu no país. Portanto, esse foi o município do Brasil que mais investiu tempo, trabalho coordenado e planejamento na área.
6.       Causa e consequência: Não existem políticas públicas que garantam a entrada dos jovens no mercado de trabalho. Assim, boa parte dos recém-formados numa universidade está desempregada ou subempregada. O desemprego e o subemprego são uma consequência necessária das dificuldades que os jovens encontram de ingressar no mercado de trabalho.

Um bom artigo de opinião tem como característica a contra-argumentação, isto é, a apresentação de argumentos contrários aos defendidos pelo autor, os quais serão contestados por meio dos argumentos de diferentes tipos, conforme citamos anteriormente. Quanto mais diversos os tipos de argumentos apresentados, mais convincente é o texto. Exemplo: Os defensores da pena de morte argumentam que ela intimidaria os assassinos perigosos, impedindo-os de cometerem crimes monstruosos (...) Porém, os dados estatísticos dos países em que ela foi implantada mostram que, pelo contrário, a violência tem aumentado (...).
Isso deve acontecer porque todo texto é polifônico, ou seja, é o resultado de diversas vozes que dialogam entre si. No artigo de opinião, isso não é diferente. Além da opinião do articulista (autor), recorre-se, para argumentar, às opiniões de outros autores (contrárias ou favoráveis), de instituições, seja para refutá-las ou para reforçar a opinião de quem escreve. Também são vozes do texto números, estatísticas, dados quantitativos e qualitativos, etc. e são elas que enriquecem a argumentação.

Recursos para a argumentação

Existem ainda alguns recursos que permitem a construção de um bom artigo de opinião e que precisam estar presentes nesse tipo de texto: os anafóricos e os articuladores.
1.       Anafóricos: servem para retomar palavras e expressões do texto, sem, contudo, repeti-las. Para isso, é importante o uso de pronomes, advérbios, sinônimos e outras expressões que permitem essa retomada.
2.       Articuladores: também conhecidos como operadores argumentativos, são palavras ou expressões, especialmente conjunções, que permitem a amarração das ideias e conferem credibilidade às argumentações, estabelecendo, entre outras, as relações a seguir:
a)       Tomar posição: Pensamos que, cremos que, acredito que, pessoalmente acredito que, etc.
b)       Indicar certeza: Sem dúvida, está claro que, com certeza, é indiscutível, é certo que, etc.
c)       Indicar probabilidade: Provavelmente, possivelmente, parece que, ao que tudo indica, é possível que, talvez, etc.
d)       Justificar: Pois, porque, etc.
e)       Indicar finalidade: Para, para que, a fim, a fim de, etc.
f)        Indicar causa e/ou consequência: Porque, uma vez que, como, visto que, já que; de modo que, consequentemente, então, de forma que, tanto... que, etc.
g)       Indicar condição: Caso, desde que, contanto que, etc.
h)       Estabelecer conformidade: Conforme, segundo, como, etc.
i)         Acrescentar argumentos: Além disso, além do mais, também, não só... mas também, ademais, etc.
j)         Indicar restrição/oposição: Mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto, por mais que, embora, apesar, apesar de, ainda que, etc.
k)       Organizar argumentos: Inicialmente, primeiramente, em primeiro lugar, por um  lado, por outro lado, etc.
l)         Preparar conclusão: Assim, desse modo, finalmente, para finalizar, por fim, em resumo, portanto, por isso, dessa forma, então, logo, etc.

A linguagem

1.       Uso do tempo presente do indicativo (atemporal).
2.       Emprego de substantivos abstratos (para nomear, conceituar dados da realidade).
3.       Verbos que exprimem opinião: gera, causa, traz como consequência, revela, etc.
4.       Uso de pronomes indefinidos: generalização.
5.       Norma culta: linguagem simples, porém formal, portanto nada de gírias ou expressões da oralidade. Exemplos: não tem nada a ver = não possui relação; não dão bola = não dão atenção/importância; deixar de lado = excluir, etc.
6.       Mesmo que se parta de um fato local para opinar sobre ele, é necessário inseri-lo no geral, demonstrando que o tema é de interesse público.
7.       Quando se vai dialogar com posições contrárias (contra-argumentar), é necessário evitar o tom de imposição da sua opinião. A negociação, com o uso de argumentos bem fundamentados, é sempre mais convincente.

Roteiro/critérios de avaliação
Antes de entregar a versão final de seu texto, procure verificar se o que você escreveu obedece ao seguinte roteiro, que servirá como base para os critérios de avaliação do seu texto:

1.    1.   Seu artigo parte de uma questão polêmica relevante?
2.    2.    Você colocou o leitor a par da questão?
3.   3.       Tomou uma posição, deixando clara a tese a que pretende chegar?
4.     4.      Introduziu sua opinião com expressões como “penso que”, “na minha opinião”?
5.   5.       Levou em consideração os pontos de vista de opositores para construir seus argumentos? Por exemplo: “Para fulano de tal, a questão é sem solução. Ele exagera, pois...”?
6.   6.        Utilizou expressões que introduzem os argumentos/anunciam conclusão, como “pois”, “porque”, “então”?
7.     7.       Concluiu o texto reforçando sua posição?
8.      8.  Verificou a pontuação e a ortografia?
9.    9.    Buscou clareza, substituindo palavras repetidas e eliminando as desnecessárias?
      10. O texto é coerente, sem ideias contraditórias?
       11.   Você progrediu com o tema utilizando diferentes tipos de argumentos?
      12.    Encontrou um bom título para o artigo, que instiga a leitura e sintetiza a tese?

Material organizado pela professora Jocelene Trentini Rebeschini com base no Caderno Pontos de Vista da Olimpíada de Língua Portuguesa





Estadual de Ensino Médio Ernesta Nunes – http://eeemernestanunes.blogspot.com
Professora: Jocelene Trentini Rebeschini – Língua Portuguesa – Ano letivo: 2012

Escrevendo a crônica

Como vimos, a crônica é um gênero textual difícil de ser definido porque ela “mistura” vários gêneros diferentes: há crônicas que são dissertações (algumas de Martha Medeiros), outras que são poemas em prosa (como as de Paulo Mendes Campos), outras pequenos contos ou casos (como as de Fernando Sabino ou de Luís Fernando Veríssimo), outras tantas são evocações (como Carlos Drummond de Andrade e Rubem Braga) outras são ainda memórias ou reflexões (como em tantos autores).  Além dos gêneros, percebemos que os autores também têm estilos diferentes, ou seja, utilizam-se de diferentes “modos de dizer” as coisas do cotidiano: de forma irônica, humorística, lírica, crítica, entre outras).
O fato é que a crônica é um retrato do cotidiano por meio do olhar sensível do cronista, que consegue captar os fatos do dia a dia de uma maneira que outros não perceberiam. Por isso, o cronista escolhe a dedo as palavras que vai usar, visando despertar emoção no leitor sobre determinado fato do cotidiano: um morador de rua solitário na calçada, um encontro no ônibus, o futebol dos meninos na pracinha, uma notícia de jornal que desperta a curiosidade, enfim tudo a nossa volta pode ser matéria-prima para o cronista, que vai se utilizar de uma linguagem mais leve, de tom coloquial, o que não quer dizer que ela não deva estar de acordo com a norma culta. No entanto, a crônica pode “romper” com os padrões da escrita desde que isso ocorra a serviço do texto.
Para escrever o texto, o cronista vai se valer de um determinado foco narrativo:
1ª pessoa: a crônica é escrita sob o ponto de vista de um narrador que participa dos fatos do cotidiano (autor-personagem)
3ª pessoa: a crônica é escrita sob o ponto de vista de um narrador que não participa dos acontecimentos, apenas narra o que ocorreu com  outros personagens (autor-observador)

Planejando a crônica
Antes de escrever a sua crônica, faça um esboço do texto, pensando nos seguintes elementos: que foco narrativo você vai usar; personagens; tom da narrativa (humor, ironia, poético, lírico, crítico); enredo (pensar em um elemento-surpresa, por exemplo uma personagem ou uma situação inusitada); espaço (cenário em que ocorreu a situação); tempo (a crônica se passa num curto intervalo de tempo: minutos, horas); desfecho: pode ser aberto (o leitor é instigado a pensar, criar uma solução, dar continuidade à narrativa, pois o autor deixa o final numa espécie de suspense), conclusivo, surpreendente.

Roteiro/critérios de avaliação
Antes de entregar a versão final de seu texto, procure verificar se o que você escreveu obedece ao seguinte roteiro, que servirá como base para os critérios de avaliação do seu texto:
1.    1.   O texto se reporta de forma significativa e pertinente a algum aspecto do cotidiano local?
2.    2.    O cenário da crônica reflete o lugar onde você vive?
3.    3.    Ela cumpre o objetivo a que se propõe: emocionar, divertir, provocar reflexão, enredar o leitor?
4.    4.    E o episódio escolhido tem um modo peculiar de dizer?
5.    5.      Que tom você usa ao escrever: humorístico, irônico, lírico, crítico?
6.     6.  A narrativa está organizada em primeira ou terceira pessoa?
7.    7.     As marcas de tempo e lugar que revelam fatos cotidianos estão presentes?
8.    8.      Utiliza uma linguagem simples, espontânea, quase uma conversa informal com o leitor?
9.     9.   O enredo da crônica está bem desenvolvido, coerente, ou seja, há uma unidade de ação?
1     10. No desenrolar do texto, as características da narrativa estão presentes (personagem, enredo, etc.)?
1      11. Os diálogos das personagens estão pontuados corretamente?
1      12.   O título mobiliza o leitor para a leitura?
1      13. A pontuação e a ortografia foram verificadas?

Material organizado pela professora Jocelene Trentini Rebeschini com base no Caderno A ocasião faz o escritor da Olimpíada de Língua Portuguesa


Como dissertar/argumentar

Este espaço que está sendo aberto no blog vai ser uma espécie de "cursinho", com a publicação de várias dicas para a escrita do texto dissertativo/argumentativo, aquele tipo de texto em que defendemos um ponto de vista, utilizando argumentos convincentes. Na verdade, as dicas serão um reforço ao que trabalhamos nas aulas de Língua Portuguesa ao longo do ensino médio.

O primeiro desafio para quem quer escrever bem é estar em contato com o tipo de texto que quer produzir e observar como ele é estruturado em vários de seus aspectos. Por isso, para escrever bons textos dissertativos, em primeiro lugar, você deve ler vários textos dissertativos, sobre os mais diversos assuntos. Além disso, ninguém consegue defender seu ponto de vista, abordar um tema ou convencer outra pessoa, se não tiver argumentos ou conhecimento do que está falando. Portanto, pessoal, leitura, informação, troca de ideias, debate sobre atualidades para poder formar opinião. Somente assim os argumentos poderão ser elaborados, desenvolvidos.

A LINGUAGEM NO TEXTO DISSERTATIVO

O primeiro aspecto a ser tratado aqui será a questão de adequação da linguagem. Não é possível conceber um texto argumentativo que contenha uma linguagem coloquial, totalmente informal. Isso quer dizer que não é pertinente o uso de gírias e de expressões da oralidade. Por exemplo, em vez de usar a frase "ele não consegue pôr pra fora os sentimentos" (típica da linguagem oral), está mais adequado o emprego de uma frase como esta: "ele não consegue exteriorizar os seus sentimentos" ou "ele não consegue demonstrar os seus sentimentos". Outro "pecado" comum entre os estudantes é o famoso "eu acho". Corte essa expressão do seu vocabulário escrito. Substitua por "penso", acredito que", "creio que" ou outras equivalentes.

O uso de expressões abreviadas, como as que são usadas na internet (via Orkut, MSN e nos e-mails, por exemplo) também não são adequadas para o texto dissertativo, que prima por uma linguagem culta e formal. O vocabulário não precisa ser complexo, as frases, os períodos devem ser curtos, mas o uso de abreviações do tipo vc, aki, ñ, entre outras, é proibido.

Do mesmo modo, o uso de lugares-comuns, frases feitas ou chavões também fica proibido. Começar o texto ou empregar durante a sequência da redação expressões do tipo "a cada dia que passa", "atualmente", "nos dias atuais", "hoje em dia", "hoje", entre outras, demonstra falta de criatividade e de vocabulário. São expressões que só servem para "encher linguiça", isto é, aumentar o tamanho do texto e fazer rodeios. A linguagem dissertativa deve ser direta, sem rodeios.

As pessoas do discurso

E já que abordamos a questão da linguagem, vamos falar em pessoas do discurso. Ao escrevermos sobre um tema, podemos fazê-lo por meio da linguagem subjetiva ou objetiva.

Na linguagem subjetiva, o autor envolve-se mais diretamente com o tema, manifestando sua visão pessoal. Para isso, faz uso das expressões em primeira pessoa: acredito que, tenho certeza de que, vejo que, penso, minha geração pensa que, entre outras formas. Ao usar a linguagem subjetiva, devemos evitar o uso demasiado do "eu", pois a sequência do texto e o emprego dos verbos deixarão isso claro.

Já na linguagem objetiva, ou seja, impessoal, podemos escrever o texto empregando estas formas:

a) pelo uso da 3ª pessoa do singular + se, indeterminando o sujeito: acredita-se que, percebe-se que, pensa-se que, nota-se que, necessita-se, entre tantos outros exemplos;

b) pelo uso da 1ª pessoa do plural: pensamos que, acreditamos que, temos certeza de que, vemos que, consideramos importante, são algumas formas;

c) pelo uso do verbo no infinitivo: pensar a problemática da água pode (...), acreditar que o problema pode ser resolvido é (...), é importante considerar (...), convém lembrar (...), é preciso não esquecer que (...), como outras formas.

Seja qual for a linguagem empregada, o que não pode ser feito é a mistura de pessoas do discurso. É preciso padronizar o texto: iniciada a redação com um tipo de pessoa do discurso esta deve ser mantida até o final, sob pena de comprometer a coerência do texto. Exemplo do que não pode ser feito: "É preciso combater a violência. Para isso precisamos exigir dos governantes medidas drásticas na área da segurança. Só assim acredito que o problema estaria próximo de ser solucionado." Somente nesse parágrafo houve o emprego de três pessoas diferentes: verbo no infinitivo, 1ª pessoa do plural e 1ª pessoa do singular.


A estrutura do texto dissertativo

Um texto dissertativo padrão deve conter, além do título, pelo menos três parágrafos: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão.
Na introdução, o autor do texto deve deixar claro o ponto de vista que vai expor, delimitando o tema que vai explorar ou ainda evidenciando a sua tese, isto é, a ideia que vai defender ao longo do texto. Assim, no começo de um texto, por exemplo, sobre a pena de morte, é possível fazer vários tipos de introdução, dependendo do rumo que o autor do texto pretende dar à sua redação. É possível fazer um questionamento que depois deverá ser respondido na argumentação (desenvolvimento do texto), ou iniciar o texto fazendo uma afirmação sobre prós e contras da adoção da pena de morte (para quem não pretende defendê-la ou condená-la), ou evidenciar a sua opinião claramente com afirmações do tipo: "A pena de morte não deve ser adotada porque não resolve os problemas da criminalidade."; "A pena de morte deve ser adotada porque diminuiu a violência consideravelmente nos países em que é praticada.". Ainda é possível começar uma introdução com um argumento contrário ao que o autor pretende defender: "Apesar de algumas pessoas serem contrárias à pena de morte, ela deve ser adotada porque diminui consideravelmente a violência, como já ficou provado nos países em que foi adotada."; "Embora muitos se posicionem favoravelmente á adoção da pena de morte para punir crimes violentos, essa medida já demonstrou ser ineficaz no combate ao crime."
Logo em seguida à introdução, devem ser elaborados os parágrafos de desenvolvimento do texto. Não existe um número indicado de parágrafos, mas deve ser realizado um parágrafo para cada argumento que o autor do texto tiver. Assim, fica claro que se deve mudar de parágrafo quando se muda o argumento e não quando se muda de "assunto", como ensinam alguns professores. O assunto é o mesmo ao longo do texto. Mudam-se os argumentos. Então, se você estiver fazendo um texto sobre prós e contras, pode fazer um parágrafo sobre aspectos favoráveis e outro sobre aspectos negativos. É possível usar como argumentação a exemplificação (e respectiva análise), o comentário de dados estatísticos, a contra-argumentação, isto é, rebater argumentos contrários à ideia que o autor defende, comparação histórica, citação de outros autores que defendem as mesmas ideias do autor, entre muitos outros recursos. O desenvolvimento do texto é, portanto, a fundamentação da tese, são os argumentos que vão convencer o leitor sobre a ideia ou ponto de vista exposto na introdução. Essa parte do texto deve ser maior do que a introdução, já que conterá a fundamentação.
Por fim, a conclusão do texto amarra os argumentos e a tese com uma reflexão final. Não é raro usar o recurso do questionamento ou mesmo afirmações categóricas, que complementam o que foi afirmado ao longo do texto. O que não se faz na conclusão é "dar ordens" do tipo: "Por isso, seja inteligente e recicle seu lixo, isso ajuda a melhorar o meio ambiente em que vivemos." Esse tipo de linguagem não cabe o texto dissertativo. A mesma frase pode ser reelaborada assim: "Por todos os aspectos analisados no texto, está comprovado que a reciclagem do lixo auxilia na melhoria das condições ambientais em que vivemos, revelando ser uma prática inteligente e politicamente correta."

A ESTRUTURA DO PARÁGRAFO DE DESENVOLVIMENTO

Elaborar um parágrafo não é fazer uma frase e imediatamente passar para outra, acreditando que fez um novo parágrafo. Também não se muda de parágrafo porque "se muda de assunto". O assunto tratado no texto é o mesmo, do começo ao fim, caso contrário, acontece a famosa fuga do tema.
Ao elaborar um parágrafo de desenvolvimento você deve ter em mente que é preciso escrever o tópico frasal, isto é, o argumento inicial. Em seguida, devem ser acrescentadas a essa ideia análises, citações, justificativas, exemplificações, enfim outras frases que esclareçam a ideia inicial apresentada no início do parágrafo. Por fim, deve-se concluir o parágrafo com uma consequência lógica a partir do que foi exposto ou argumentado.
E muito importante: não esquecer de "amarrar" as ideias do texto com os operadores argumentativos (palavras, sobretudo as conjunções, que estabelecem relações de causa, conclusão, explicação, adição, oposição etc.).

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